terça-feira, 23 de março de 2010

GRIET'S THEME, Alexander Desplat

MOÇA COM UM BRINCO DE PÉROLA (GIRL WITH A PEARL EARRING, 2003)

Como não se comover diante de uma cuidadosa produção fílmica que tem como contexto a criativa história sobre o quadro pintado por um dos mais importantes pintores holandeses?

Longe de ser um filme sobre o pintor Johannes Vermeer (1632-1675), considerado ao lado de Rembrandt um dos grandes pintores da Holanda, o filme é sobre uma de suas obras: A Moça com um Brinco de Pérola. O que nos chama a atenção é que o filme é baseado no romance homônimo da escritora norte-americana Tracy Chevalier que por sua vez se baseou na pintura de Vermeer para criar uma das mais singelas adaptações de romance para o cinema sobre a possível história da musa inspiradora do artista. O roteiro do filme é assinado por Olivia Hetreed.

Muitos quando veem um quadro e percebem nele a presença viva de alguém, se perguntam inevitavelmente sobre a identidade da modelo, sobretudo quando a imagem nos passa uma realidade, nos faz sentir que há vida naquela tela. Naquela época, a modelo era uma ilustre desconhecida, não tinha fama. A modelo era uma pessoa comum, daí porque provavelmente a escritora tenha optado por eleger como musa uma criada.

Um quadro do século XVII que inspirou um livro e que por sua vez foi transformado em roteiro de um filme. A Moça com um Brinco de Pérola é um filme com uma excelente fotografia, atuações impecáveis, um canto à arte da qual o cinema se orgulha em dialogar. Muito mais do que uma história de amor exclusivamente entre um homem e uma mulher, oriundos de classes sociais diferentes, o filme delicadamente mostra o transbordamento do amor das personagens Johannes Vermeer (Colin Firth) e Griet (Scarlett Johansson) através da arte. A beleza encontra os pincéis do artista que através das combinações de cores e técnicas e no cuidadoso movimento das suas mãos constrói a ilusão, da qual o cinema também faz parte. Reinventa o real e arrebata o espírito de quem vê. Assistir ao filme Moça com Brinco de Pérola é como admirar um quadro, sobretudo de Vermeer cuja característica de suas obras era a de aproximá-las da realidade. O artista no filme parece não perder a sensibilidade mesmo diante de sua condição financeira difícil, já que vive de suas pinturas. Ele é capaz de superar os conflitos familares e profissionais por meio da arte, transformando o comum, o cotidiano, em beleza, prazer estético. E, convenhamos, o ator Colin Firth convence nesse aspecto

Mas o cinema não se resume apenas a uma boa narrativa e aos bons desempenhos dos atores. O filme é construído a partir de outras linguagens, como a música, por exemplo. Alexander Desplat (o mesmo que esteve à frente da trilha sonora do filme Lua Nova) é responsável por uma das mais belas canções do cinema: Griet's Theme.  

Em relação a presença da protagonista Griet, vale mencionar que apesar da atriz Scarlett Johansson emprestar suavidade e delicadeza à personagem, ela soube dosar a imagem virginal de Griet à imagem de mulher forte, segura, de comportamento muito mais próximo das pessoas de sua classe social. Essa alquimia, no filme, parece ter chamado a atenção do pintor (e que leva o leitor a compartilhar e ser cúmplice dessa epifania), mas, um aspecto certamente prevaleceu, pois apesar das adversidades e de suas limitações, Griet possui sensibilidade para a arte e mesmo sem saber ler (texto escrito) é capaz de captar, ler as imagens, enxergar além do que os olhos humanos podem alcançar. A condição de vida que leva não favorece o exercício da contemplação, pois como criada, trabalhadora braçal, o seu tempo é destinado a serviços árduos e pesados. Contrastivamente, a personagem se esforça para não sucumbir aos problemas que a cercam como: ser acusada de roubo pela filha do casal que a odeia; ser assediada pelo mecenas que tenta estuprá-la e, por fim, ser expulsa da casa pela esposa enciumada. A vida parece não ser fácil para Griet, mas a arte a salva e a liberta e nela encontra algum prazer. Inconscientemente, é inevitável que o espectador não deseje que Griet e Vemeer fiquem juntos, há uma expectativa sedimentada no imaginário popular, folhetinesco, mas o filme mostra que a vida e suas regras não podem aprisionar o sentimento e ao senti-lo não precisar estar aprisionado ao casamento. Aliás, não há qualquer relação lógica entre amor e casamento. O brinco de pérola é o objeto que produz o conflito quando associado ao contexto. A pérola simboliza a "perfeição e incorruptibilidade, é um símbolo de vida longa e fertilidade". Por ser uma jóia, foi considerada símbolo da nobreza. No filme, o brinco de pérola pertencia à esposa de Vemeer, mas cedidas à Griet pela sogra do pintor para que posasse para um quadro. A conveniência foi mais forte que o preconceito e a criada pôde usar um pertence de sua patroa, nivelando-as. A esposa naturalmente sentiu-se ultrajada. A impossibilidade de serem usados novamente pela esposa fez com que os brincos fossem entregues a Griet, como símbolo de um sentimento puro que havia nascido entre o pintor e a sua musa.

Ficha técnica:

Título original:Girl with a Pearl Earring
Gênero:Drama
Ano de lançamento:2003
Site oficial:http://www.girlwithapearlearringmovie.com/
Direção: Peter Webber
Roteiro:Olivia Hetreed, baseado em livro de Tracy Chevalier
Produção:Andy Paterson e Anand Tucker
Música:Alexandre Desplat
Fotografia:Eduardo Serra
Direção de arte:Christina Schaffer
Figurino:Dien van Straalen
Edição:Kate Evans

domingo, 21 de março de 2010

UM SONHO POSSÍVEL, (A Blind Sider, 2009)

Assisti há pouco o filme estrelado por Sandra Bullock, vencedora do Oscar de melhor atriz. Um Sonho Possível é um misto de drama e comédia que revisita um tema muito comum na filmografia hollywoodiana: a hitória de um adolescente negro e pobre resgatado por uma família rica e branca. Contudo, essa síntese descontextualizada impede que olhemos o filme de uma maneira mais ampla a fim de que possamos entrever os meandro os possiveis significados a partir da teia complexa que reune simbologias históricas em um momento histórico específico. Essa atualização da memória com seu jogo simbólico nos interessa profundamente.

O esporte aparece no filme como metáfora da vida. Cada jogador tem uma função dentro do campo e cada um deles atua para o sucesso do seu conjunto. É um esporte coletivo, como deveria ser a própria vida. A história de Big Mike, ou Michael Oher, uma pessoa que desenvolveu uma forte inclinação para a proteção acaba sendo acolhido por uma família rica, cristã e republicana. Com o seu zelo pelas coisas, desde a forma de arrumar os lençóis antes de dormir, embora nunca tivesse uma cama, mostra o cuidado que o personagem tem pelas pessoas que lhe acolhem, retribuindo com o mesmo desprendimento, muito embora nunca tivesse na vida recebido qualquer demonstração de carinho. Em outras palavras: a condição social de um sujeito não determina o seu destino, mas a sua forma de ver o mundo e senti-lo. Michael Oher tinha tudo para ser mais um delinquente, mas possui uma atitude digna de um cavalheiro, mesmo sem ter sido educado para isso. No final do filme, quando Leigh Anne (Sandra Bullock) pergunta como ele coseguiu não se "contaminar", ele responde dizendo que a sua mãe biológica nunca havia permitido que ele a visse fumando crack, pedia que fechasse os olhos, ou seja, de seu modo, a mãe de Big Mike protegia o seu filho das coisas ruins da vida, impedindo-o de que simplesmente as visse.

Apesar de não enetender muito de futebol americano não é muito difícil constatar que, como qualquer esporte coletivo, ele possui jogadores com funções específicas. A posição de Big Mike é a de defesa e a sua função é PROTEGER o quaterback, isto é, o jogador cérebro do time, o responsável pelas jogadas, o orquestrador.  Um defensor defende, mas também ataca, depende do momento. Essa experiência de campo é transportada para a vida e vice-versa, a exemplo da cena em que Big Mike tenta fazer uma visita a sua mãe, quando entra em crise com a ua família adotiva. Nessa busca, encontra um dos rapazes do tráfico, seu vizinho, que  lhe oferece uma bebida. No decorrer da conversa, o rapaz insinua que Big Mike tenha tido relações sexuais com a filha de Bullock, buscando incitar nele sentimentos de desejo, dando a idéia de que aquele jovem traficante teria inveja de Big Mike e por isso estaria provocando uma situação que certamente o afastaria de tudo que aqueles jovens drogados poderiam ter ou até mesmo queriam: uma vida tranquila e confortável.

Acredito que o Oscar foi dado a Sandra Bullock muito mais pelo fato da personagem personificar a nação norte-americana, atualizando a representação da nação no corpo da mulher, alusão histórica, por sinal. A metáfora da mulher-nação, bastante sedimentada na cultura ocidental, desde que os estados modernos passaram a existir, reaparece neste filme. Leigh Anne/Sandra Bullock é uma mulher rica, bem-sucedida, cristã, protetora, independente, que acredita na força transformadora. Foi olhando para o ponto cego da sociedade que teve a iniciativa de mudar a situação social de um adolescente. Sandra Bullock não ganhou o Oscar por sua brilhante atuação dramática em 28 Dias (28 Days), em que faz o papel de uma viciada reclusa a uma clínica de recuperação, mas acabou sendo premiada como uma esposa e mãe exemplar de classe alta que resolve adotar um adolescente pobre e negro. Em tempos de Obama, filmes que narram a esperança e a generosidade vêm em boa hora, chamando a atenção para as classes abastadas por meio do discurso que parece ser legível para esta classe, muito embora ela mesma trate de fazer a lavagem cerebral para que esse ponto cego permaneça invisível às pessoas. Uma cena exemplar é quado Bullock está almoçando com algumas mulheres da sociedade e uma delas diz ter saído da mesma condição social de Big Mike. No entanto, o fato de ter enriquecido parece ter desenvolvido nela uma alienação, levando-a a distanciar-se de suas origens. É interessante como o relativismo aparece no filme para mostrar que nem todo rico/branco é alienado e desumano, neste caso representado por Bullock, e nem todo pobre/negro é bandido, aqui representado por Big Mike. Quando os dois lados se encontram, ambos se melhoram.  

A personagem Leigh Anne Touhy nos dá uma idéia de como é completamente alheia a realidade social do país, pois o seu mundo gira em torno de sua família e seu trabalho de decoradora que, por sinal, quase não aparece no filme. O seu papel de mãe e esposa são mais enfatizados. É muito estranho como ela consegue manter uma casa enorme, pode-se dizer uma mansão, rigorosamente limpa apenas com um marido e dois filhos - uma criança e uma adolescente - sem mencionar que eles não ajudam nas tarefas de casa. São várias as cenas em que Bullock aparece pondo a refeição à mesa. No entanto, a cozinha é um cenário que não é mostrado, só a sala. Nem mesmo aparece ela preparando o almoço ou jantar e muito menos arrumando a casa. Além disso, veste-se impecavelmente em casa com cores claras e maquiagem suave, bem ao gosto burguês.

Quem limpa aquela casa? Quem faz a comida? Não há empregadas. É a esposa e mãe dedicada que consegue cuidar da família, da casa e do trabalho. Uma mulher aparentemente feliz em ser "multitarefa", como ela mesma se autodefine ao marido.

A vida de Leigh Anne é restrita a sua esfera social e essa limitação é vista nas  perguntas que faz a Michael, completamente despropositadas, como: sua mãe nunca leu estórias para você? ou você vai passar o Dia de Ação de Graças com a sua família? ou ainda quando se espanta ao se referir ao tipo de tecido presente nas roupas usadas pelas pessoas pobres - "de plástico".

As instituições como a família e a escola aparecem como alicerces na formação do jovem, mas, curiosamente, apesar de não ter tido uma família estruturada e uma escola que o apoiasse, Michael não segue o que lhe parece ser o caminho previsível. O livre-arbítrio, tão ao gosto da cultura cristã norte-americana, lhe orienta para outro sentido: ele não é violento, a menos que ofenda a sua família, é amoroso, protetor, gentil, qualidades que nunca havia experimentado ao longo de sua vida, ao contrário, mas ele não se deixou levar pelas adversidades que a vida lhe impunha. Digamos que ele tem as mesmas qualidades de um Edward Cullen (personagem vampiro do filme Crepúsculo). Se por um lado o filme foca a família e a escola como espaços fundamentais para o desenvolvimento do caráter da criança e adolescente, o Estado aparece como omisso e alienado. Quando Bullock questiona o péssimo serviço de um setor público, pedindo para falar com o chefe, a atendente aponta para o quadro de George W. Bush. Uma crítica aos republicanos? Bem, mas é uma republicana que resolve adotar um jovem negro e pobre.

A personagem vivida por Bullock é uma mulher corajosa, determinada, com grande poder de influenciar as pessoas pela força de seu argumento ou simplesmente por um capricho convincente dada a forma segura de defendê-lo. Ela observa, pensa e age, não perdendo uma decisão. Foi assim que ela orientou Michael a jogar, usando os próprios jogadores como se fossem membros de sua família. a idéia que que Mike protejesse cada jogador de seu time como se fosse as pessoas de sua família.

Ao mesmo tempo em que demonstra uma personalidade forte, a personagem vivida por Bullock também é afetuosa e generosa. As referências à religião cristã aparecem nas expressões e nos rituais como o Dia de Ação de Graças e Natal. Além da questão religiosa bastante forte, há a questão política latente, já que a família que acolhe Michael é do Partido Republicano, partido historicamente formado por protestantes, brancos e empresários. Esse dado fica bastante claro quando a preceptora de Michael, uma professora universitária, vivida pela excelente atriz Kathy Bates, confessa que pertence ao partido Democrata, formado historicamente pelas minorias sociais, sindicatos, intelectuais e artistas. O tom solene da conversa e a reação silenciosa de Bullock mostram que ali estavam duas pessoas de posições políticas diferentes, mas unidas por uma causa comum.

É um filme que não é extraordinário. Traz uma série de lugares-comuns, mas que precisa ser analisado em seu contexto sócio-histórico, pois parece que há um discurso ideológico de reestruturação social por meio de um resgate aos valores cristãos e burgueses, o que a crítica norte-americana Paulie Kael chamava de neovitorianismo. Olhando para Leigh Anne e a Mítica Feminina de Betty Friedan sinto a presença forte de um novo arranjo de mulher totalmente irreal. A mulher perfeita seria a mesma dos anos 50, mas sem o confinamento à esfera doméstica, o que poderia aparentar uma possível trégua às feministas, mas se pensarmos no absurdo de manter-se com aparência impecável, com uma casa igualmente impecável e postura idem, não dá para acreditar que isso possa ser possível dentro de condições humanas normais. Esse sonho parece impossível, mas que parece agradar o imaginário dos produtores de sonhos.

Os sonhos só se tornarão possíveis se as pessoas - ricas e pobres - olharem para os pontos cegos da vida, para aqulilo que lhes aparece invisível, mas que se abrem como esperança de dias melhores.

FICHA TÉCNICA:

Diretor: John Lee Hancock
Elenco: Sandra Bullock, Tim McGraw, Kathy Bates, Quinton Aaron, Lily Collins, Jae Head, Rhoda Griffis, Ray McKinnon.
Produção: Broderick Johnson, Andrew A. Kosove, Gil Netter
Roteiro: John Lee Hancock, baseado em livro de Michael Lewis
Fotografia: Alar Kivilo
Duração: 128 min.
Ano: 2009
País: EUA
Gênero: Drama
Cor: Colorido
Distribuidora: Warner Bros.
Estúdio: Alcon Entertainment / Warner Bros. / Zucker/Netter Productions
Classificação: 10 anos

sábado, 13 de março de 2010

AMOR EXTREMO (2008)

O filme Amor Extremo (The Edge of Love, 2008) é da roteirista escocesa Sharman Macdonald (08-02-1951). 

Ela é a mãe da atriz Keira Knightley e assina pela primeira vez um roteiro para cinema, para um longa-metragem, de acordo com a IMDB (The Intenet Movie Database).  

Eu não costumo seguir sinopses, aliás elas quase nunca coincidem com o que a gente vê, mas talvez valha a pena conferir o filme. Para mim, vale pelo roteiro que é de uma mulher e segundo por ser um filme do Reino Unido, o que eu, particularmente, gosto muito.
Voltarei a esse espaço para comentá-lo.

AS POSSIBILIDADES DE ESTUDO SOBRE CINEMA

Quando pensamos em cinema, mais especificamente em uma análise sobre o cinema, nos damos conta de inúmeras possibilidades de realização desse estudo. Evidentemente que o papel da crítica nos últimos vinte anos mudou ou pelo menos não há a consensualidade (ou falsa consensualidade) que se tinha em acreditar na voz da crítica como a voz de deus. Durante o século XIX e a primeira metade do século XX, alimentou-se a ideia de que a racionalidade era objetiva e, portanto, neutros eram os resutados de suas investigações. Com base na suposta neutralidade, impôs-se uma universalidade paradigmática pela qual as práticas sociais deveriam ser compreendidas. Se houvesse uma discrepâcia entre a teoria e a prática, o problema estava na prática e jamais na teoria.

Após os anos 60, a partir dos questionamentos feitos pelos movimentos sociais e com a entrada dos sujeitos pertencentes a esses movimentos nas universidades, passou-se a duvidar da neutralidade da ciência e de sua própria epistemologia, isto é, questionava-se em que bases epistemológicas estariam alicerçardas as "verdades" proferidas durante séculos.  

Foi basicamente no final dos anos 70, mais amplamente durante os anos 80, que os e as intelectuais oriundos(as) desses movimentos ou sensíveis a eles, realizaram estudos metalinguísticos sobre a construção do pensamento ocidental. Atualmente, não há consenso (ainda bem) sobre A melhor teoria, ao contrário acredita-se que existe uma teoria mais adequada ao estudo e enfoque de uma determinada discussão. Assim, existem várias maneiras de abordar um tema, um objeto, sem que pretensiosamente se defenda uma "verdade". Na melhor das hipóteses, acredita-se que as verdades são múltiplas.

Do que a ciência não abre mão (e nem poderia, pois faz parte de seu ethos) é de que as leituras sejam assentadas em bases teóricas. Essas bases são escolhidas de acordo com a identificação do analista, isto é, a escolha do dispositivo teórico é subjetiva, perpassa pela identificação, pela experiência sociocultural do analista, enfim, não é nada neutra. O acúmulo de vida será absorvido e somado ao dispositivo e ao tema.

Assim, estudar cinema perpassa por todos esses aspectos, o que certamente fez mudar também a forma de ver o cinema. Se antes separava-se a estrutura do conteúdo, as análises mais contemporâneas buscam entrelaçar essas duas esferas, mostrando inlcusive as contradições nelas. Alguns analistas trabalham com a teoria do autor, estudando o percurso de cada diretor e comparando diacronicamente as suas produções. Teoria bastante questionada porque em cinema a autoria é diluída pela inserção de várias contribuições no resultado fílmico, muito embora a maneira de ver seja ainda do diretor, no entanto, as pressões internas (produtoras, por exemplo) e externa (bilheteria) tem influenciado o "olhar" do diretor, sobretudo se estamos falando das produções voltadas para grandes lucros. Nos últimos vinte anos, dispositivos de outras áreas do conhecimento têm contribuído para o estudo do cinema: o conceito de negociação dos estudos culturais, de gênero das teorias feministas, de discurso da análise do discurso, o conceito de classe da teoria marxista, o conceito de sonho e fantasia  da psicanálise, o conceito de tempo-espaço e da narratividade da história, enfim são várias as possibilidades de se estudar teoricamente o cinema.
Estuda-se o cinema italiano, o francês, o norte-americano, o brasileiro, mas deve-se atentar para outros aspectos. Um filme de um diretor brasileiro que é filmado em outro país, com elenco de outro país, falado em idioma de outro país, financiado por empresas de outro país, pode ser considerado brasileiro? Pode ser uma questão simples, mas do jeito que as produções fílmicas estão sendo feitas, não é tão fácil adjetivar um filme, pois as produções em conjunto com empresas de diferentes países é o que se tem mais visto, inclusive como forma de internacionalização dos filmes e, naturalmente, ampliar os negócios.

sexta-feira, 12 de março de 2010

EVE ARDEN

Algumas pessoas costumam dizer que a vida é costurada por músicas e filmes. Sempre nos lembramos dos filmes que assistimos quando adolescentes e jovens, fosse no cinema ou na televisão. Quem nasceu nos anos 60 e 70 teve na televisão maior companhia do que o cinema, mas o fascínio da grande tela, sem dúvida era algo sedutor, sendo que o surgimento da TV não impediu que as pessoas fossem ao cinema.

Mesmo com a televisão, assistir a um bom filme no cinema era uma experiência única que não envolvia apenas o filme, mas o ritual de ir ao cinema. Lembro-me de aos doze anos ter ido assistir ao filme Grease- Nos tempos da Brilhantina, com John Travolta e Olivia Newton John, proibido para menores de 14 anos. Porém, a minha primeira ida ao cinema foi para assistir a um desenho animado, Cinderela. Eu tinha 7 anos, aproximadamente.

Em 1977, quando o filme Grease foi lançado, eu tinha 13 anos. Comprei um ingresso (meia), mas o porteiro (tinha porteiro, torniquete e lanterninha) não aceitou a minha entrada, pedindo que comprasse uma inteira. Estava tão nervosa em burlar a censura que comprei uma inteira, ficando com duas entradas - uma meia e outra inteira. Quando estava no torniquete, ele olhou para mim e disse: "Você não tem 14 anos." Como eu era muito miúda, ele deve ter me achado com cara de 10, não sei, mesmo com o vestido de babados (para avolumar os seios), o salto e a maquiagem. Diante da impossibilidade de ver o filme, joguei as entradas em suas mãos e saí correndo. Para a minha sorte, o filme já tinha começado e estava tudo escuro. Esperei o lanterninha passar, mas felizmente não passou. Assisti prazerosamente o filme em pé.  

Na época, John Travolta era um fenômeno, alguma coisa próxima a Robert Pattinson (Edward Cullen, o vampiro de Crepúsculo), porém melhor ator, a meu ver . Um ano antes tinha feito sucesso na pele de Tony Manero nos Embalos de Sábado à Noite.

Estive revendo o filme e fico sempre encantada com a performance da atriz Eve Arden, a diretora McBee do Rydell High School.  A sua atuação é exemplar, transformando as cenas em que aparece dignas de risos. Infelizmente, os atores e atrizes que atuam na comédia não são reconhecidos nesse gênero e, em geral, são apenas premiados quando passam para papéis dramáticos, do contrário caem no obscurantismo total. Por exemplo, Sally Field ficou muito conhecida pelas suas atuações nas comédias, mas recebeu apenas o Oscar pelo filme Norma Rae, 1979. Um papel dramático.

Mas Eve Arden marcou, com a sua larga experiência, o filme Grease, um de seus últimos trabalhos (ela faleceu em 12 de novembro de 1990, aos 82 anos). A sua entonação cadenciada, impostada, que nos lembra as antigas professoras, com cada palavra bem proncunciadas, criam a atmosfera necessária para uma diretora que tenta manter sob controle inúmeros adolescentes em uma escola nos idos anos 50. Uma tarefa que exigia uma certa dose de austeridade que contrastava com a irreverência dos alunos, o que dava o tom cômico ao filme. A atriz que participou de seriados para a TV empresta à sua personagem com muita competência e graça o que o filme precisava para ser leve, muito embora trazendo temas densos como a gravidez indesejada e supostamente um aborto, traduzido no final do filme pela voz da personagem Rizzo (Stockard Channing) como "alarme falso". Embora não fique explícito no filme, e nem poderia, pois assim como hoje o tema é tabu, a personagem não diria abertamente que fez um aborto, por isso algumas jovens praticavam e diziam que havia sido "alarme falso", ou seja, foi apenas um atraso.

Eve Arden participa de poucas cenas, mas é incrivelmente talentosa e convincente na pele da diretora que ao mesmo tempo que se desespera com os T-birds e Pink Ladies (grupos de meninos e meninas) tem igualmente a postura de dirigir-lhes palavras de incentivo. A cena em que ameaça os três alunos que mostraram as nádegas para a TV durante o baile é muito engraçada. Nela, a personagem promete encaminhar o vídeo para o Pentágono e FBI, caso os alunos não se apresentassem, e que poderiam ser identificados, mesmo sem mostrar os rostos. O argumento é bizarro, mas além do texto, a atriz desenvolve a cena através de movimentos faciais complexos que visam  realçar a gravidade do acontecimento, mas tornado-o engraçado para o espectador. Uma combinação entre o movimento do olhar e o da boca formando um conjunto cômico na perfomace de Eve Arden. Nem precisa dizer que a câmera capta esse momento em close up para registrar (e imortalizar) esse momento de arte.

segunda-feira, 8 de março de 2010

AS SUPERPODEROSAS...

Elas brilharam ontem não apenas pelos modelitos (também, pois faz parte), mas pelo trabalho e profissionalismo.
Essas mulheres atuam muitas vezes fora da tela e, por isso, não são valorizadas pelo grande público.  

SANDY POWELL
Melhor Figurino: "The Young Victoria"
SANDRA BULLOCK
Melhor Atriz em "Um Sonho Possível"

MINDY HALL
Melhor Maquiagem: "Star Trek"

CHRIS INNER
Melhor Montagem: "Guerra ao Terror" 

KATHRYN BIGELOW
Melhor Filme e Melhor Direção: "Guerra ao Terror

ELINOR BURKKET
Melhor Documentário em Curta-metragem: "Music by Prudence"

SÓ DEU ELA! BIGELOW!

Estou satisfeita. No Dia Internacional da Mulher não poderia haver premiação mais justa e simbólica. Deu Kathryn Bigelow! O mais aborrecedor são os comentários, como este abaixo:

"Guerra ao Terror" foi o grande vencedor da noite, conquistando seis dos nove prêmios a que foi indicado e deixando Avatar para trás, com apenas três estatuetas. Kathryn Bigelow é a primeira mulher a ganhar o prêmio de direção na história do Oscar. Ela foi casada com James Cameron, o diretor de "Avatar", o que deixou a disputa ainda mais acirrada. Confira todos os vencedores" (cineinsite). - grifos meus.

Os comentaristas de cinema continuam se referindo a Bigelow como ex- de Cameron, isto é, mesmo depois de terminado o casamento, o vínculo permanece. Mesmo que fosse casada, o que deveria estar em evidência é o resultado do trabalho e não o seu estado civil. A tutelagem que secularmente acompanhou as mulheres é de uma misoginia terrível. O senso comum só se refere a Bigelow dessa forma, como a ex- de Cameron. Eu não sei se é o senso comum que está comentando cinema ou se os comentaristas estão formando o senso comum. Nem mesmo Steve Martin resistiu a associação.

Penso que Kathryn Bigelow deva ser simplesmente apontada pelos meios de comunicação como uma competente diretora e não como a esposa de, a filha de ou a ex-esposa de. É como se lhe faltasse identidade própria e o seu valor estivesse ancorado em outra pessoa.

Kathryn Bigelow ganhou o Oscar, o que é um passo considerável se pensarmos nos anos de negativas às mulheres que dirigiram filmes belíssimos antes de Bigelow. A própria Barbra Streisand, que lhe entregou o prêmio, dirigiu Yentl, mas não foi eleita, e Jane Campion que foi indicada com o filme O Piano também não recebeu a estatueta, embora ambas merecessem, mas a ditadura do patriarcado hollywoodiano jamais permitiria. 

Bigelow conseguiu com uma temática difícil, bem ao gosto masculino (talvez tenha sido essa a senha de acesso, embora seja um filme de guerra  diferente). Em geral, as diretoras têm optado pelo drama romântico ou comédia romântica.
Vamos aguardar que os filmes premiados entrem no circuito. Alguns já estão, como o vitorioso Guerra ao Terror e o espetaculoso Avatar.

Lista dos premiados:


  • Melhor Filme: "Guerra ao Terror" de Kathryn Bigelow, Mark Boal, Nicolas Chartier e Greg Shapiro

  • Melhor Direção: Kathryn Bigelow, "Guerra ao Terror"
  • Melhor Atriz: Sandra Bullock, "Um Sonho Possível"
  • Melhor atriz Coadjuvante: MoNique, "Preciosa - Uma História de Esperança"
  • Melhor Ator: Jeff Bridges, "Coração Louco"
  • Melhor Ator Coadjuvante: Christoph Waltz, "Bastardos Inglórios"
  • Melhor Animação: "Up - Altas Aventuras" - Pete Docter
  • Melhor Filme Estrangeiro: "O Segredo dos Seus Olhos", de Juan José Campanella (Argentina)
  • Melhor Direção de Arte: "Avatar" - Rick Carter e Robert Stromberg (Direção de Arte); Kim Sinclair (Decoração do set)
  • Melhor Fotografia: "Avatar" - Mauro Fiore
  • Melhor Figurino: "The Young Victoria" - Sandy Powell
  • Melhor Montagem: "Guerra ao Terror" - Bob Murawski e Chris Innis
  • Melhor Maquiagem: "Star Trek" - Barney Burman, Mindy Hall e Joel Harlow
  • Melhor Trilha Sonora: "Up - Altas Aventuras" - Michael Giacchino
  • Melhor Canção: "The Weary Kind", "Coração Louco" - Ryan Bingham e T Bone Burnett
  • Melhor Roteiro Original: "Guerra ao Terror" - Mark Boal
  • Melhor Roteiro Adaptado: "Preciosa - Uma História de Esperança" - Geoffrey Fletcher
  • Melhores Efeitos Visuais: "Avatar" - Joe Letteri, Stephen Rosenbaum, Richard Baneham e Andrew R. Jones
  • Melhor Edição de Som: "Guerra ao Terror" - Paul N.J. Ottosson
  • Melhor Mixagem de Som: "Guerra ao terror" - Paul N.J. Ottosson e Ray Beckett
  • Melhor Documentário: "The Cove" - Louie Psihoyos e Fisher Stevens
  • Melhor Documentário em Curta-metragem: "Music by Prudence" - Roger Ross Williams e Elinor Burkett
  • Melhor Curta-metragem: "The New Tenants" - Joachim Back e Tivi Magnusson
  • Melhor Curta-metragem de Animação: "Logorama" - Nicolas Schmerkin

domingo, 7 de março de 2010

OSCAR

A noite do Oscar sempre foi um dia especial para mim desde a minha adolescência. Ficava até tarde esperando ver os premiados da noite, os personagens fora de suas cenas, igualente glamourizados, ou ao contrário aquele personagem roto, estropiado, que aparecia vestido extraordinariamente em traje de gala. Era sempre uma experiência fascinante, de expectativas. Lembro-me muito bem das apresentações de Billy Cristal, um ator de veia comediante, e depois Woophi Goldberg, uma atriz que segue uma mesma linha. Com o avançar do tempo fiquei menos assídua e fui me distanciando das apresentações.

Gostava de ver as explicações sobre cada atividade técnica e a forma de mostrar ao público comum o que era um efeito especial, uma montagem, a fotografia de um filme e a importância do som e da trilha sonora. Ainda que mostrados muito rapidamente, nos dava uma noção sobre o que se estava premiando. A verdade é que esperávamos sempre pelos prêmios de melhor ator, atriz, diretor e filme, pois os outros faziam parte de um trabalho de muito pouco interesse do público não especializado, até porque não foram educados para tal apreciação. Fotografia, montagem, som, figurino, exibiam rostos desconhecidos, ao contrário das outras categorias já mencionadas.

No ano passado, eu achei inovadora a forma de eles apresentarem o prêmio de melhor ator e atriz. Cinco portas se abriam no fundo do palco e de lá saíam os artistas que já haviam sido premiados em eventos anteriores. Eles(as)faziam um breve comentário sobre a atuação do ator ou da atriz que concorria ao prêmio naquele ano. No final, os artistas (atores e atrizes também)cumprimentavam o/a vencedor/a. Essa confraternização no palco foi uma estratégia muito boa no sentido de atribuir ao ritual de premiação um toque mais acolhedor e humano. O fato de os artistas já terem passado por aquele momento criou uma ambiência acolhedora e fraterna. Talvez contagiados pelo efeito Obama que em seu discurso de posse sugeria visivelmente o fortalecimento de laços internos, empreendendo um tom pacifista, de união e solidariedade, em seu discurso.    

Hoje assistiremos a mais uma exibição. Eu, muito particularmente, torcendo por Kathryn Bigelow, na categoria de melhor direção de longa-metragem, e Meryl Streep, na categoria de melhor atriz. Filme? Guerra ao Terror, claro!

quinta-feira, 4 de março de 2010

PAULINE KAEL

“Quando somos jovens, são boas as possibilidades de que encontremos alguma coisa de que gostar em quase qualquer filme. Mas quando nos tornamos mais experientes, as possibilidades mudam.”  (Pauline Kael)

Pauline Kael (19 de Junho de 1919 – 3 de setembro de 2001 ) foi uma crítica de cinema que escreveu para a The New Yorker entre os anos de 1968 a 1991. Publicou o seu primeiro livro em 1965, Perdi no Cinema e em 1971 Criando Kane.

A leitura de Criando Kane é deliciosa. Kael faz críticas severas aos filmes norte-americanos, mas também é incisiva em relação aos críticos empolados amantes do cinema europeu que ao ostentar um gosto artístico acaba se deliciando com as mesmas baboseiras que aparecem no filme norte-americano. É sua a seguinte eunciação: “Quem, em algum ponto, não partiu obedientemente para aquele ótimo filme estrangeiro e depois mergulhou no mais próximo exemplar de lixo americano? Somos não apenas pessoas cultas de bom gosto, somos também pessoas comuns com sentimentos comuns. E nossos sentimentos comuns não são todos ruins.”

Uma de suas críticas contundentes dá-se em relação aos "ginasianos e universitários" a quem Kael se dirige com bastante mordacidade: Eles (ginasianos e universitários) não vêem o filme como filme, mas como parte do novelão de suas vidas”. Nesse aspecto, a crítica credita a (de)formação dos jovens a própria forma de ensinar, visto que os professores ensinavam a analisar os filmes ressaltando apenas o que lhes convinha, dentro do seu lugar institucional de fala:  “Não que as obras que estudamos na escola não fossem freqüentemente ótimas, mas o motivo pelo qual os professores nos mandavam admirá-las era em geral tão falso, embelezado e moralista que o que nelas teriam sido momentos de prazer, e o que tivesse de purificador e também de subversivo, fora encoberto.” Nesse trecho  crítica norte-americana discute o quanto um filme pode ser lido de diferentes maneiras, inclusive como um filme podia atender a propósitos pedagógicos, de formação dos jovens, o que signifificava dizer muitas vezes usar o filme para ajustar o sujeito no código hegemônico. Esse fragmento ilustra muito bem as formas de aproriação de um filme, cabendo ao olhar da crítica dar o tom de sua análise, focalizando elementos conservadores ou desestabilizadores no mesmo filme. Sendo assim, não teríamos filmes ruins, mas filmes, quiçá, mal interpretados.

Um outro trecho que destaco em seu livro diz respeito ao neovitorianismo, diante do fato dos filmes trazerem elementos pertencentes ao código vitoriano, baseado em uma rígida moral social e no exercício do auto-controle: A indústria está agora assumindo um tom neovitoriano, orgulhando-se de seus (poucos) filmes “bons, limpos” – que são sempre seus piores filmes, porque quase nada pode romper as superfícies presunçosas, e até o talento dos atores se torna bonitinho e enjoativo. O mais baixo lixo de ação é preferível a diversões familiares íntegras.” Trazendo para uma memória mais recente, cito Crepúsculo, filme exibido em 2008 sob a direção de Catherine Hardwicke, que dialoga claramente com o vitorianismo do século XIX, mas também com a sua versão mais atualizada, da década de 50, a qual Betty Friedan chamou de "mística feminina". Curiosamente em um momento em que a sociedade parece estar em completo caos, eis que surge os e as baluartes da moral e dos bons costumes para tentar reimprimir os valores puritanos. É bem verdade que a educação das pessoas, jovens principalmente, está tão sem parâmetros éticos que chega a ser irresistível mergulhar nos espartilhos das regras de boa conduta, a que possibilita o convívio social, mas sem dúvida que recorrer a moral vitoriana não é um bom negócio, principalmente paras as mulheres.


“É doloroso dizer aos garotos que foram ver oito vezes A Primeira Noite de um Homem que uma só bastava (...). Como se pode convencê-los de que um filme que vende inocência é uma obra bastante comercial, quando eles tão claramente estão no mercado para comprar inocência?” (Pauline Kael)

quarta-feira, 3 de março de 2010

CNEMA E PIPOCA

Confesso que comprei um saco de pipoca pequeno (para mim enorme!) quando fui ao cinema no ultimo domingo. Eu não tinha almoçado e não resisti àquelas coisinhas miúdas, brancas, escapolindo pelas bordas do saco, tão expostas, numerosas e convidativas. Cada convite R$5,00!

Comecei inicialmente a pincá-las com os dedos em número de quatro, mas que reduzi a uma quando já estava satisfeita. Percebi então que não tinha alcançado nem 1/4 do saco. Guardei na sacola. Durante a exibição do filme, não tive vontade de comer, nem me senti motivada a contribuir com a orquestração das bocas.

Ao sair da sessão, percebi o quanto a área de circulação no piso dos cinemas multiplex é fortemente marcada pelo cheiro das pipocas. Fiquei enjoada e desci as escadas o mais rápido que pude.

A venda de pipocas faz parte da vida do shopping que dispõe de máquinas fixas, colocadas em lugares estratégicos e de grande circulação. Juntamente com as pipocas, foi adicionado um item: o refrigerante que sugere a atenuação da sede decorrente do uso do sal nas pipoca. Existe a venda do refrigerante também dentro dos cinemas a um preço de R$5,00, o preço de um ingresso (meia), em alguns cinemas.

Alguns cinemas optaram pelo serviço de Café que funciona como um momento de descontração e de encontro antes e depois da exibição. Outros cinemas apostam nas pipocas e nos doces, uma associação que se tornou popularizada pela cultura norte-americana. Segundo Marina Montoura, a venda de pipocas começou nos Estados Unidos nas feiras, sendo incorporada ao cinema nos anos 20 e continuou a ser vendida durante toda a Depressão até os momentos atuais. Hoje ela é responsável por 45% dos lucros dos cinemas: "Os americanos consomem, por ano, 15,12 bilhões de litros de pipoca, cerca de 51 litros por pessoa. No Brasil, são 80 mil toneladas anualmente"

Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/cinematv/pergunta_287978.shtml

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