segunda-feira, 16 de maio de 2011

AS DUAS TORMENTAS (WAY DOWN EAST), 1920, D. W. GRIFFITH

Direção: D. W. Griffith
Roteiro: Anthony Paul Kelly
Produção: D. W. Griffith
Trilha Sonora: William Frederick & Louis Silvers
Elenco Principal:
Lislan Gish (Anna Moore)
Richard Barthelness (David)
Lowell Shermnan (Lennox Sanderson)
Burr McIntosh
Creighton Hale
Georde Neville

Griffith é um gênio. Exagero? Pode ser, mas foi a primeira palavra que me veio à mente depois de assistir ao seu filme As Duas Tromentas (Way Down East), de 1920. Com os filmes de Griffith fica muito claro perceber como nasceu o cinema como vemos hoje porque a sua estrutura, a linguagem, os temas são semelhantes. Em As Duas Tormentas, o diretor lança mão de recursos de câmera e de montagem que possibilitam acentuar a carga dramática. É um filme que emociona.

A história

A fábula é um melodrama. Narra a história de Anna Moore, uma jovem pobre que reside com sua mãe em Greeville, Nova Inglaterra. Diante das dificuldades financeiras, a mãe de Anna pede que ela procure seus parentes ricos que moram em Boston. A contragosto Anna viaja e chega à casa da tia e das primas em um momento de reunião de amigos da alta sociedade, o que torna a visita de Anna um estorvo. Mesmo assim, devido a outra tia que estava por perto, as duas primas (alusão a Cinderela?) resolveram tratar bem a prima, acolhendo-a. Neste ínterim, Anna que passa a conviver com a tia, é seduzida por Lennox Sanderson, um homem maduro, sedutor, e dependente da fortuna do pai. Ele arma um falso casamento e exige de Anna segredo absoluto. Após o casamento, a lua de mel sela a ruína da protagonista que ao retornar para a casa da mãe conta-lhe a grande novidade. Com o tempo, escreve para o suposto marido uma carta pedindo-lhe que venha urgentemente visitá-la. Ao chegar, Lennox fica ciente da gravidez e percebe que é hora de acabar com a farsa. A mãe quando chega da rua, vê a filha desmaiada de desgosto. Com o passar dos meses, Anna perde a mãe e tem seu filho em uma vila afastada, a fim de esconder a sua “vergonha”. O filho nasce doente e morre em seguida, é quando as mulheres que a acolheram descobrem que ela não tem marido e exige que ela deixe o aposento. Sem rumo, Anna acaba chegando a fazenda dos Bennets onde pede que a empreguem. Neste lugar mora David, um rapaz, único filho do casal de velhos, que se apaixonará por ela. Contudo, Anna esconde o seu passado e passa a conviver com este grupo familiar.

O tempo passa e a afeição da família a Anna cresce, da mesma forma que o amor do rapaz. No entanto, Lennox, que é vizinho desta família, reconhece Anna e exige que ela deixe o lugar, com receio que ela conte a todos o seu infortúnio e o comprometa. Ela resiste, mas, uma das senhoras que testemunhou o parto de Anna chega a cidade e a reconhece quando Anna passa pela rua. A família fica sabendo e expulsa Anna de casa que, vendo-se injustiçada ao ver o casuador de sua desgraça na mesa sendo bem acolhido por todos, exige da família justiça e aponta Lennox como o responsável pelo seu infortúnio. David avança em Lennox e neste momento Anna sai de casa em meio a uma tempestade de neve. David percebe que Anna está ausente e tenta alcançá-la em meio ao nevoeiro. Desesperada, Anna corre em direção ao rio, no intuito de se suicidar, mas sem forças desfalece à margem coberta de gelo. A tempestade melhora e o gelo começa a derreter, levando Anna pela correnteza em direção a cachoeira. David encontra a sua capa e pulando os blocos de gelo chega até Anna que estava próxima a cascata. No momento exato da queda, ele a toma nos braços e a salva. Chegando ao celeiro, ele a deita e a esquenta, tentando reanimá-la, quando chegam os pais e os vizinhos que também estavam a sua procura. O pai pede desculpas a Anna por expulsá-la e é novamente acolhida pela família que consente o casamento do filho com ela. Lennox, aparece e pede Anna em casamento, tentando a sua última cartada para viver dignamente, mas Anna simplesmente lhe vira o rosto. No final, há um casamento coletivo, mesclando o drama à comédia, o que nos faz lembrar as nossas atuais comédias românticas.

Análise

Essa é a história, mas analisar a forma que Griffith estrutura genialmente em imagens não apenas para dar uma coesão narrativa, mas, ao mesmo tempo, acentuando a carga dramática, é um exercício de análise da linguagem cinematográfica, no mínimo, fascinante. Além de trazer à tona o imaginário presente nos contos populares, da moça pobre, órfã, desafortunada, que não apenas fica rica com o casamento, o filme também mostra a sua acolhida socialmente depois de cometer um “erro”, considerando o código puritano vigente. A composição das cenas, misturando a expressão corporal e facial da atriz (o filme é mudo), juntamente com a música de fundo que acompanha todas as cenas, comovem, mesmo com o artifício da divisão das partes (parte I e II). A cena final, quando o personagem sai à procura de Anna pela tempestade de neve é poética, sublime, heróica em todas as suas dimensões e mesmo com problemas na cópia, com alterações de cores, ora está preto e branco ora está amarelada, a montagem e o jogo de câmera, embora sem muita versatilidade, dão o tom de suspense. Enquanto Anna desce rio abaixo deitada desfalecida sobre uma placa de gelo, a visão de sua morte chega ao espectador através de combinações de imagens que se alternam entre: Anna sobre a placa, a força da cachoeira com suas águas espumantes e torrenciais, as placas de desfazendo, algumas são filmadas até serem engolidas pelas águas, sugerindo que o mesmo acontecerá com a protagonista e, por fim, a dificuldade do personagem masculino em alcançá-la. Essas imagens se alternam, transferindo para o espectador a angústia da dúvida, se o rapaz a salvará ou não. Quando a placa onde Anna está deitada está prestes a descer o rio, o rapaz a alcança e a levanta nos braços, no entanto, o seu retorno é difícil, deixando transparecer que os jovens amantes poderiam morrer naquele momento. No meu entender, uma das melhores sequências do filme, senão a melhor. A sequência do degelo é magistral.

Antes de o filme iniciar, o narrador adverte o espectador em relação ao comportamento dos rapazes. A mensagem é dirigida para aqueles que tentam violar as jovens, trazendo transtorno a todos e é por meio da moral cristã que a voz narrativa irá direcionar as suas admoestações. Uma crítica também à educação das jovens, mas, sobremaneira, à educação dos rapazes, principalmente aqueles que, herdeiros da herança familiar, vivem como bon vivant, sem compromissos, apenas gozando a vida, mesmo que para isso cause a desgraça alheia. Neste caso, ter relações sexuais fora do casamento com uma jovem casadoira. O discurso da sedução do homem em relação às mulheres não tem sido muito freqüente, mas o filme aborda o tema, mostrando de forma bastante pedagógica, didática até, como os homens conseguiam os seus favores sexuais: as palavras encantatórias, as promessas de casamento, a melhoria das condições de vida, tudo isso aos ouvidos de uma jovem sem contato social, portanto, ingênua, é um deleite.

A INDOMÁVEL MALLOTTE (MARLENE DIETRICH)

Origem: Estados Unidos
Ano: 1942
Gênero: Clássico
Duração: 83 Min.
Produtora: Universal Pictures
Direção: Ray Enright
Elenco: John Wayne, Marlene Dietrich, Randolph Scott

No filme A Indomável, The Spoilers (1942), de Rex Beach, pertence ao gênero western e traz em seu cast Jonh Wayne, um dos mais populares atores que incorporou lendárias atuações de pistoleiros imbatíveis sempre em tensão com a lei, e Marlene Dietrich, de performances memoráveis, faz o tipo que a consagrou nas telas: a de mulher implacável, de personalidade forte. Neste filme, ela vive Cherry Mallotte, proprietária do Northiest, um salão, através do qual mantém certo controle da cidade, já que muitas informações que chegam até ela são oriundas dos clientes do salão. Mallotte é uma mulher atraente, inteligente, estrategista que consegue, por meio da sedução e do artifício da linguagem, desviar-se das acintosas “cantadas” dos seus clientes e, também, homem de confiança.

A história se passa no Alaska durante a “corrida do ouro” no ano de 1890. Ray Glennister (John Wayne) é proprietário de uma mina de ouro, mas que perdeu o seu direito de posse devido a manobra entre um empresário (detentor de prestígio pelo capital) e Estado (detentor de prestígio e poder de juiz). A filha do juiz se apaixona por Glennister, mas quando ele percebe o golpe se afasta da moça. Glennister perde a mina, por tentar se adequar à lei, e percebe logo que está sendo ludibriado, retomando a mina através da união de outros mineiros.

A presença de Mallotte é constante e importante em diferentes momentos do filme, já que direta e indiretamente, é ela quem salva a vida de Glennister. A sua perspicácia a faz suspeitar da filha do juiz que pretendia fugir, a ser presa pela justiça de Seattle, juizado mais próximo do Alasca. Neste momento ela fica sabendo que Glennister tinha sido preso por apropriação “indevida”, mas que não seria julgado, mas assassinado em uma emboscada. Malotte arma uma situação e consegue avisar Glennister da armadilha, permitindo-lhe que recupere a mina. Enquanto isso, ela tenta distrair o usurpador seduzindo-o até seus aposentos.
O título do filme em português busca centrar a narrtativa na força de Mallotte/Dietrich que, sem dúvida, alavanca a história, trazendo-a no centro e em primeiro plano no cartaz de divulgação do filme.

A narrativa se desenvolve mostrando um homem dividido entre a lei e a justiça, nem sempre coincidentes, o que não é muito original, mas o western mostra a distância entre a lei e a justiça, levando Glennister a afastar-se da lei devido a deslealdade do Estado para com o povo. Ao perceber a usurpação, o povo se revolta e impõe a justiça com as suas regras.
As presenças marcantes de Dietrich nas cenas em que aparece, transforma as suas aparições em puro espetáculo não apenas em beleza, mas em expressividade dramática, muito embora o filme não seja um drama. O olhar lânguido, o corpo altivo e as roupas exuberantes compõem a personagem que, sendo a única do bar e proprietária, mantém o controle da situação através do jogo, da bebida e de mulheres. Um destaque neste filme é da Idabelle, a empregada de Mallotte, uma mulher negra que sonha com um marido negro chegando em um dos navios. Há uma cena em que Wayne aparece disfarçado com carvão em todo o rosto e ela não o reconhece, ficando feliz por finalmente um homem negro aparecer-lhe. Uma de suas frases curiosas é a de que estava cansada de ouvir dizer que esquimó era oriundo da Virgínia, mostrando que as relações inter-raciais se davam entre minorias não-brancas, no Alasca entre negros e esquimós, mas nunca entre negros e brancos, mas, sobretudo um deslocamento provocado pela ironia da empregada que mostra uma questão importante para a análise do discurso: a recepção. Embora tenham disto isso a ela, obviamente ela não acreditou. O filme ousou em colocar falas, gags, em uma personagem negra e mulher que, quando aparece em cena, cria situações que explicitam a segregação racial e os problemas das mulheres negras que, longe de sua comunidade, aguarda a chegada de um homem negro para se casar. Em geral, essas mulheres acompanhavam as mulheres brancas que iam para lugares distantes em busca de novas oportunidades, naquela época, advindas do ouro. Quando Wayne aparece disfarçado de carvão, ela diz que ele estava mais atraente daquela forma, sinalizando para uma alternância estética, partido de outro olhar, construindo outra possibilidade de realização do desejo, da inscrição do belo.

As cenas que acontecem no quarto de Mallotte, a partir do diálogo entre ela e a sua camareira, são interessantes para percebermos as questões de gênero e raça nos Estados Unidos e no cinema hollywoodiano que, como sabemos, inventou a América para o mundo e para si mesmo. Neste processo de conquista de territórios, as mulheres desempenharam papel crucial, muitas vezes de liderança local, a exemplo da personagem vivida por Claudia Cardinale que no filme A Conquista do Oeste, Once Upon a Time, herda do marido irlandês uma cidade. Uma das cenas mais belas do cinema é a construção da cena de um plano médio, com foco central em Cardinale, que vai se transformando em plano geral por meio de uma posição de câmera em ângulo plongé, fazendo com que o espectador acompanhe a sua presença mesmo com o distanciamento focal, quando ela aparece no meio de uma quantidade enorme de homens que estão construindo a ferrovia e, consequentemente, a cidade.

Mallotte (Dietrich) aparece como proprietária, uma mulher poderosa, chegando mesmo a propor um empréstimo financeiro a Wayne para o resgate da mina, e também como estrategista política, intervindo no bem-estar da sociedade e no cumprimento da justiça, ainda que por métodos pouco convencionais para o domínio jurídico.

FESTIVAL GLOBAL BOGOTÁ

Convocatoria Abierta:

INVITAMOS a realizadoras/es y productoras/es para que inscriban sus videos al FESTIVAL GLOBALE BOGOTÁ 2011. La convocatoria está abierta a aquellos trabajos que presenten realidades sociales a nivel local (Colombia), regional (América Latina) o mundial, y aporten a la reflexión y análisis crítico dentro de los ejes temáticos del Globale Bogotá 2011. Los videos deben ser realizados o subtitulados en idioma español.

FECHA LÍMITE: 13 de julio de 2011.

EJES TEMÁTICOS: Mujeres y feminismo, Derechos Humanos, Territorio y Movimientos sociales autónomos y de resistencia.

PROCESO DE INSCRIPCIÓN:

1. Llenar la ficha inscripción con todos los datos requeridos por Globale Bogotá y enviarla al correo: globalebogota@yahoo.es. Se responderá mensaje de confirmación de la inscripción.

2. Enviar dos copias del video en DVD, dos fotografías de escenas del video en medio digital (mínimo de 300 dpi/ppp), la ficha inscripción y carta autorización impresas con los datos solicitados y firmas respectivas, al Apartado Postal 360489 Bogotá, Colombia.

3. Los resultados de los videos seleccionados para la muestra se entregarán el 10 de agosto de 2011.

4. Los videos que no hayan sido seleccionados para la muestra harán parte del archivo de Globale Bogotá que estará al libre acceso del público.

Para más información visita la página http://globalebogota.wordpress.com/ o escríbenos al correo globalebogota@yahoo.es. También encuéntranos en facebook Globale Bogotá y en Twitter @GlobaleBogot.

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Festival Globale Bogotá 2011
"Miradas críticas y emancipadoras"
http://www.globalebogota.wordpress.com/
A.P. 360489, Bogotá, Colombia

A ética e o mérito nas produções acadêmicas

Em meio a tantas coisas que nos deixam tristes em nosso cotidiano, eis que nos deparamos com uma postura que muito nos faz acreditar em...